Tecnologia vestível para detectar quedas e emergências

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àmedida que a população mundial envelhece, cresce a preocupação com a segurança dos idosos. Principalmente, as quedas representam um dos maiores riscos à autonomia nessa fase da vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano. Em muitas situações, não conseguem pedir ajuda imediatamente. Logo, tecnologias vestíveis surgem como aliadas fundamentais. Elas monitoram a saúde em tempo real e emitem alertas em caso de emergência. Essa inovação, antes restrita ao ambiente hospitalar, agora está acessível no cotidiano de quem deseja envelhecer com mais autonomia e proteção.


O que são tecnologias vestíveis?

Tecnologias vestíveis, também chamadas de wearables, são dispositivos eletrônicos usados junto ao corpo. Podem ser relógios, pulseiras, colares ou sensores fixados à roupa. Além de registrar dados fisiológicos, como batimentos cardíacos e passos, muitos identificam situações de risco. Principalmente, quedas bruscas ou ausência de movimento prolongado. Esses dispositivos enviam alertas automáticos para familiares ou serviços de emergência. Em outras palavras, eles transformam a roupa ou o acessório em ferramentas de cuidado contínuo. Assim, a pessoa idosa não depende apenas da própria percepção para buscar ajuda. Isso reduz o tempo de resposta em casos críticos e pode salvar vidas.

Como esses dispositivos detectam quedas?

Antes de mais nada, a detecção de quedas utiliza sensores de movimento avançados. Acelerômetros e giroscópios monitoram a posição do corpo constantemente. Quando uma mudança súbita ocorre — como uma queda ao chão — o sistema interpreta como um evento anormal. Em seguida, o dispositivo emite um alarme sonoro ou vibratório. Caso o usuário não cancele o alerta dentro de alguns segundos, uma mensagem de emergência é enviada. Esse processo funciona de forma automática. Portanto, mesmo em situações de inconsciência ou limitação motora, a ajuda é acionada. Dessa forma, os dispositivos vestíveis oferecem uma camada extra de segurança.


Apple Watch: muito além de um relógio

O Apple Watch é um dos exemplos mais conhecidos de tecnologia vestível com detecção de quedas. Desde a versão Series 4, o relógio identifica quedas bruscas com precisão. Caso o usuário permaneça imóvel após a queda, o aparelho liga para os serviços de emergência automaticamente. Além disso, compartilha a localização via GPS. Para muitos idosos, isso representa tranquilidade no dia a dia. Ao mesmo tempo, o Apple Watch também monitora ritmo cardíaco, oxigenação e ECG (para fibrilação atrial). Dessa forma, combina saúde preventiva com resposta emergencial. Embora tenha um preço elevado, sua multifuncionalidade compensa o investimento para quem prioriza segurança.


Dispositivos especializados: AngelSense e Medical Guardian

Além de smartwatches em geral, há dispositivos projetados exclusivamente para idosos. O AngelSense, por exemplo, é um rastreador GPS com detecção de quedas. Usa sensores sensíveis ao movimento e envia alertas diretamente aos cuidadores. Ainda mais, permite chamadas bidirecionais. Ou seja, é possível conversar com o usuário mesmo sem que ele atenda. Já o Medical Guardian oferece vários modelos de pulseiras e colares com botão de emergência e rastreamento. Um dos seus destaques é a conectividade 4G, que garante funcionamento fora de casa. Assim, mesmo em passeios ou caminhadas, a proteção continua ativa.


Vantagens de usar tecnologia vestível na terceira idade

A maior vantagem está na prevenção de complicações após quedas. Ao reduzir o tempo entre a queda e o socorro, evitam-se ferimentos mais graves. Além disso, muitos dispositivos monitoram parâmetros vitais. Isso ajuda na detecção precoce de alterações, como taquicardias ou quedas de pressão. Do mesmo modo, promovem maior independência. O idoso sente-se mais confiante para sair de casa, caminhar e manter-se ativo. Por fim, esses dispositivos também tranquilizam familiares, que podem acompanhar o bem-estar do ente querido remotamente. Em suma, são ferramentas que aliam saúde, mobilidade e conexão social.


Limitações e desafios ainda existentes

Apesar dos avanços, as tecnologias vestíveis não são infalíveis. Às vezes, ocorrem falsos positivos, como detectar uma queda quando o usuário apenas sentou-se rapidamente. Em outras situações, a detecção pode falhar se o movimento não for brusco o suficiente. Outro obstáculo é a resistência de alguns idosos ao uso contínuo dos dispositivos. Desconforto, esquecimento ou desconfiança tecnológica ainda são comuns. Além disso, o custo pode ser um entrave, principalmente no Brasil, onde muitos produtos são importados. Portanto, é essencial combinar a tecnologia com educação, acessibilidade e suporte familiar.


Integração com sistemas de saúde

Outra tendência promissora é a integração dos dispositivos vestíveis com sistemas de saúde. Em algumas cidades dos EUA e Europa, hospitais e clínicas recebem dados em tempo real dos pacientes idosos. Com isso, médicos conseguem acompanhar o estado de saúde à distância. Eventualmente, essa prática poderá reduzir internações, prevenir complicações e personalizar tratamentos. Ainda que essa integração esteja apenas começando no Brasil, já existem iniciativas experimentais. Conforme essa tecnologia se expande, a medicina se tornará mais preventiva e centrada no paciente. Em outras palavras, o cuidado deixa de ser apenas reativo e passa a ser proativo.


O papel das famílias e cuidadores

Tecnologia, por si só, não substitui o cuidado humano. Entretanto, quando bem utilizada, fortalece a rede de apoio. Famílias que acompanham seus idosos por meio de apps conectados aos wearables sentem-se mais presentes. Ao mesmo tempo, cuidadores profissionais ganham uma ferramenta adicional para monitoramento. Essa integração promove um cuidado mais coordenado e eficaz. Por exemplo, se um cuidador percebe que o idoso levantou várias vezes à noite, pode investigar possíveis causas. Do mesmo modo, uma queda identificada no dispositivo pode ser cruzada com o relato clínico. Assim, a tecnologia se torna uma aliada valiosa no cotidiano.


Futuro promissor da tecnologia vestível

O futuro dos wearables aponta para ainda mais precisão, autonomia e personalização. Dispositivos estão sendo desenvolvidos com inteligência artificial, capazes de aprender os padrões de movimento do usuário. Isso permitirá detectar não apenas quedas, mas também sinais sutis de declínio funcional. Igualmente, a miniaturização dos sensores facilitará o uso em roupas comuns ou até em adesivos corporais. Em conclusão, a tecnologia vestível tende a se tornar invisível, mas presente. Será uma extensão do cuidado, operando em segundo plano e oferecendo suporte silencioso, porém essencial. Envelhecer com dignidade será cada vez mais uma realidade possível — com o auxílio da inovação.

Referências

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